Estou convencido que o Senhor ama
cada vez mais os idosos. Ele está nos valorizando diariamente, mais e mais! Por
isso, é crucial que o povo de Deus se dê conta do emergente tsunami que
representa a massa de idosos que está se formando. A população mundial, agora
acima de 7 bilhões, experimenta um crescimento de um milhão de pessoas com mais
de 60 anos por mês, segundo a ONU.
Isto é uma imensa quantidade de
idosos! As implicações são óbvias: um número maior de velhos significa mais
desafios no campo da saúde, mais cuidadores necessários, crescentes custos
médicos, falta de habitações, preocupações financeiras, decisões éticas e assim
por diante. Ao mesmo tempo, com estes desafios vêm muitas oportunidades e
bênçãos: mais idosos para confessar que Jesus é seu Senhor, mais mentores para
crianças e jovens, mais pessoas sábias para compartilhar a história de Jesus e
seu amor, mais oportunidades para as gerações aprenderem mutuamente, mais
histórias para serem contadas e legados de vida a serem doados, e assim por
diante.
O salmo 78.4 lembra-nos que “falaremos aos nossos descendentes a respeito
do poder de Deus, o Senhor, dos seus feitos poderosos e das coisas maravilhosas
que ele fez”. Que grande declaração de fé sobre a tarefa de todos os
integrantes do povo de Deus, especialmente as pessoas idosas. O Senhor
diariamente nos habilita a compartilhar esta mensagem de alegria e perdão. Ao
compartilharmos nossa fé com a geração seguinte, é essencial observar que eles
também estão compartilhando sua fé conosco. Pessoas de todas as idades são
habilitadas pelo Espírito para contar suas histórias de amor.
Assim, para onde vamos deste ponto?
Vamos primeiro repetir as quatro propriedades do envelhecer: juízo, sabedoria, rugas e vivas.
Lembro-me de ter ouvido de uma enfermeira de Portland, Maine, USA, que foi
homenageada por sua liderança em enfermagem e cuidados especiais de longa
duração. Ela recebeu esta honraria declarando que se sentia afortunada porque
seu trabalho lhe proporcionou estes três resultados: juízo, sabedoria e rugas.
Boa resposta, você não acha? Eu depreendi que ela seguramente gostava da sua função.
Nutriu seu senso de humor enquanto servia a outros e compartilhou sua
experiência ao orientar jovens enfermeiras celebrando seu envelhecer dia após
dia. Que bela atitude diante da vida! Que bela maneira de estar em serviço
diariamente com pessoas idosas bem como com pessoas de todas as idades.
Pessoalmente, acrescentei mais uma
propriedade: celebração. Nós temos um
detector natural de “celebração”, porque sabemos que vivemos do lado de cá da
ressurreição. Quando nós usamos a nossa sabedoria para treinar outros, quando
rimos a nosso respeito e ajudamos crianças pequenas e grandes a fazer o mesmo,
quando celebramos a dádiva do envelhecimento em nossas próprias vidas (rugas e
tudo o mais), nós igualmente estamos preparados para compartilhar nossa
celebração por sermos amados e perdoados por nosso Deus, em Cristo, a cada dia
de nossas vidas. É isto que faz a vida valer a pena. A celebração da vida é o
que faz a diferença na vida dos outros ao compartilharmos humor, sabedoria e
rugas, mesmo no meio de todo o sofrimento ao nosso redor.
Assegure-se de apresentar um sorriso
cordial hoje. Rir é como exercitar-se internamente. Assim, se lhe perguntarem
se você se exercita, responda, “Claro, eu rio”. Compartilhe sua sabedoria com
alguém hoje. Ser sábio também é saber quando compartilhar a sabedoria e quando
ouvir. Seja sábio nas suas decisões. Conte as suas rugas porque elas são as
cicatrizes da batalha de uma vida bem vivida. Eu tenho uma amiga que não gosta
de rugas. Ela inclusive confessa que cada vez que deita na sua cama ouve o
ruído da sua pele enrugando. Alguém me disse que sempre pensou que rugas eram
apenas linhas marcadas pelo riso, mas então olhou para certas pessoas e
concluiu que nada poderia ser tão engraçado.
Quais são os sucessos que estão
marcando sua vida? Identifique-os. Eles estão aí. Fale a outros a respeito. Se
você sente que às vezes não tem muitas alegrias na sua vida, saia e procure.
Observe a criança brincando; olhe para aquela jovem escutando e sorrindo para o
seu avô; veja aquela mãe esperando pacientemente por seu filho pequeno; veja
aquele pai jogando com o filho; lembre-se de seu Batismo ao ver a água do rio;
passe na frente de uma igreja e faça o sinal da cruz no seu peito para
lembrar-se da cruz de Cristo por nós.
O Senhor coloca tantas pessoas ao
nosso redor, jovens e velhos, que nós nunca deixaremos de encontrar e ajudar
outros a identificarem seus sucessos na vida em Cristo. Meu encorajamento é
exatamente para que cada um de nós se torne mais atento e sensível às pessoas
idosas ao seu redor. Não esqueça os jovens, mas junte as velhas com as novas
gerações e observe uma revoada de sucessos. Expressamos nosso humor,
compartilhamos nossa sabedoria e celebramos nossas rugas enquanto crescemos
graciosamente sob a bênção do Senhor.
Bruno F. Rieth
Pastor Emérito
*Texto publicado no Mensageiro Luterano, na edição de agosto de 2013.