No mundo vamos passar por aflições, alertou
Jesus. Mas, se do limão podemos fazer uma limonada, as aflições seriam amargas
do começo ao fim se não retornassem com a doçura dos benefícios. “Os sofrimentos
produzem a paciência”, lembrou Paulo, “a paciência traz a aprovação de Deus, e
essa aprovação cria a esperança” (Rm 5.3,4). Claro, esperança, aqui, vai além
das coisas deste mundo, um “esperar” que direciona para um lugar onde “não
haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor” (Ap 21.4). Mas aquele que
tem o olhar da fé não contempla o céu de um jeito insensível à vida na terra.
Diante disso, no meio desta pandemia, não precisamos vislumbrar apenas as
bem-aventuranças celestiais, mas aguardar por dias melhores já neste mundo de
desgraças.
Mas onde
encontrar esperança? Como sair por cima quando tudo nos joga para baixo? Como
superar a morte e o medo da morte? Como enfrentar o desemprego, a pobreza, a
carestia? Qual o remédio contra a tristeza, o desânimo, a ansiedade?
Em qualquer situação de perigo é preciso ter
estratégias contra aquilo que tenta nos derrubar. O primeiro passo é reconhecer
o poder do inimigo. No caso do coronavírus, a batalha está perdida se ele for
menosprezado. Por isso, suar frio, tremer as pernas, sentir medo. Porque, junto
com a adrenalina, o medo alerta para a realidade do problema. No corpo humano,
por exemplo, é isso que faz o sistema imunológico. Só que, quando aparece um
tumor, é porque células cancerígenas liberaram proteínas que enganaram a
vigilância da imunidade. Ou seja, espalharam falsas notícias de que “tudo
estava bem”. Aliás, as fakenews que
hoje se propagam já foram uma peste na primeira Páscoa cristã. Dizem os evangelhos
que os soldados receberam dinheiro para espalharem o boato de que os discípulos
tinham roubado o corpo de Jesus. Se a mentira não fosse logo combatida, o real
poder da morte estaria disfarçado na pele de cordeiro, e todos estaríamos
perdidos em nossos pecados (1Co 15.17).
O segundo passo é conhecer o inimigo. No caso
deste vírus, ele está derrubando o mundo porque é um ilustre desconhecido.
Quando Paulo entra no assunto da peste espiritual e fala da armadura do
cristão, lembra que “nós não estamos lutando contra seres humanos, mas contra
as forças espirituais do mal” (Ef 6.12). Em qualquer área da vida humana,
espiritual, física e mental, é preciso entender e avaliar o real poder daquilo
que tenta nos abater. Diz a Bíblia que Satanás se apresenta como “anjo de luz”.
Precisamos saber quem é o diabo, quem é o mundo que nos tenta, e quem somos nós
mesmos, isto é, nossos defeitos e fraquezas – porque o pior inimigo mora e age
dentro de nós.
E daí o passo seguinte: preparar-se para
enfrentar o problema. Ao encarar a nossa maldita natureza humana, o domínio de
Satanás e as provações do mundo, estufar o peito e dizer “eu posso” é o caminho
para a derrota. “Vistam-se com toda a armadura que Deus dá a vocês” (Ef 6.11),
orienta a Bíblia. Assim, só há um jeito para vencer as dificuldades, sejam elas
de qualquer natureza. E quem conta para nós é o sofrido apóstolo que aprendeu o
segredo de se sentir contente em todo o lugar e em qualquer situação, tivesse
muito ou pouco: “Com a força que Cristo me dá, posso enfrentar qualquer
situação” (Fp 4.13).
Ainda não sabemos o tamanho da curva do
sofrimento imposto por esta pandemia. O que nos aguarda lá na frente só Deus
sabe. Mas aqui está nossa esperança: “Só Deus sabe”. E se “o que sofremos
durante a nossa vida não pode ser comparado, de modo nenhum, com a glória que
nos será revelada no futuro” (Rm 8.18), então cremos que Deus sempre nos
sustenta nas dificuldades do presente.