IELB 2021 – Recebemos e compartilhamos perdão, vida e salvação
Se
você tem acompanhado os lemas da IELB nos últimos anos, deve ter percebido que,
desde 2019, há um lema geral, “Firmados em Cristo”, que é complementado pelos
lemas anuais. Dessa forma, “Firmados em Cristo”, …“Seguimos e compartilhamos os
ensinamentos dos apóstolos” (2019) e …“Vivemos e compartilhamos o amor cristão”
(2020). Em 2021, nosso mote será “Firmados em Cristo”, …“Recebemos e
compartilhamos perdão, vida e salvação”.Esses três lemas e o do ano seguinte (2022), a saber, “Oramos e
compartilhamos Cristo para todos”, foram projetados a partir da primeira descrição
que Lucas fez dos cristãos, registrada em Atos 2.42:
“E
todos continuavam firmes, seguindo os ensinamentos dos apóstolos, vivendo em
amor cristão, partindo o pão juntos e fazendo orações”.
Quem são esses “todos” a que se refere o
versículo?
A
resposta está nos versículos que antecedem nosso texto-base. Se você ainda não
está com sua Bíblia aberta, essa é uma boa hora. Vá, pegue a sua Bíblia (ou
abra o aplicativo), procure Atos 2.42 e leia o capítulo todo. Eu espero.
Agora
que você leu, deve ter notado que Atos 2.42 é a conclusão dos versículos
anteriores. Por essa razão, podemos dizer que o termo “todos” refere-se aos
seguidores de Jesus que receberam o Espírito Santo no Pentecostes (At 2.1) e
também aos que foram batizados, após ouvir e crer no discurso de Pedro (At
2.41). Em suma, todos os que receberam o Espírito Santo pela pregação do
evangelho e pelo batismo “permaneceram firmes”.[1]
E o que isso significa? Muita coisa. Primeiro, o texto está dizendo que você,
por ter sido batizado, por crer em Jesus, faz parte desse “todos”. Assim sendo,
todos (você, inclusive) permanecemos firmes, “seguindo os ensinamentos dos
apóstolos, vivendo em amor cristão, partindo o pão juntos e fazendo orações”. O
lema da IELB para 2020 dedica atenção especial ao “partir do pão” e estabelece
o slogan:
“Recebemos e compartilhamos perdão, vida e
salvação”
Em
que outro lugar você encontra esses três termos juntos (perdão, vida e
salvação)?Acertou, se respondeu “No
Catecismo”! Sim, lá no Catecismo Menor de Lutero, na explicação sobre a
santa ceia. Perceba que, nesse caso, o termo “partindo o pão” é interpretado
como uma figura de linguagem para santa ceia, o que é perfeitamente possível.
No
evangelho de Lucas e em Atos, partir o pão aparece em contexto de comunhão entre
cristãos ao redor das palavras de Cristo. Por exemplo, Lucas relata que dois
seguidores de Jesus contaram aos outros discípulos “o que lhes tinha acontecido
no caminho e como tinham reconhecido o Senhor no partir do pão” (Lc 24.45). Em
Atos, o evangelista diz que os cristãos “partiam o pão de casa em casa” (At
2.46) e que Paulo se reuniu no primeiro dia da semana para “partir o pão” em
mais uma ocasião para pregar o evangelho (At 20.7). Conforme F. Bruce, o partir
do pão provavelmente denota mais do que comer uma refeição em conjunto. “A Ceia
do Senhor parece estar no foco” (Bruce, 1988).[2]
Uma
das perguntas que constam no Catecismo Menor de Lutero é: “que proveito
há nesse comer e beber [da santa ceia]?”. Para orgulho do seu pastor, você
memorizou isso nos estudos confirmatórios certamente. Não lembra? Tudo bem. Vou
reproduzir abaixo o que Lutero nos ensina a responder: “Isso nos indicam as
palavras: ‘Dado em favor de vós’ e ‘derramado para remissão dos pecados’, a
saber, que por essas palavras nos são dados no sacramento remissão dos pecados,
vida e salvação. Pois onde há remissão dos pecados, há também vida e salvação”
(Lutero, CM).
Viu,
que maravilha?! O lema da IELB para 2020 cria uma boa oportunidade para
estudarmos o santo sacramento da ceia do Senhor!
A Covid-19 e a santa ceia
Escrevo
este texto em abril de 2020, 40 dias depois do início do isolamento social que
enfrentamos devido à pandemia da Covid-19. E 40 dias sem santa ceia. Esse
período de quarentena nos ensina a valorizar os meios da graça:
1 – Palavra: é consolador receber a graça do Pai por meio da pregação da Palavra
de Deus, que nos revela nosso estado pecaminoso “desde o nascimento” (Sl 51.5)
e nos proclama a boa notícia de que Deus Pai, por amor a nós, envia seu Filho
(Jo 3.16) para nos dar perdão (Ef 1.7; 4.32), vida (Jo 3.16, Rm 6.23) e
salvação (1Ts 5.9);
2 – Sacramento do batismo: é uma bênção extraordinária saber que o santo
batismo não é apenas água simples, mas com a Palavra de Deus, a “água é cheia
de graça e um lavar de renascimento no Espírito Santo” (CM). Por isso podemos
afirmar que “o batismo salva, não sendo a remoção das impurezas do corpo, mas o
apelo por uma boa consciência para com Deus, por meio da ressurreição de Jesus
Cristo” (1Pe 3.21).
3 – Sacramento do altar: apesar de já termos TODA a graça de Deus no
batismo e na Palavra, a quarentena nos mostrou o quanto sentimos falta de
receber perdão, vida e salvação na santa ceia. Por que essa saudade toda da
comunhão? Porque é o verdadeiro corpo e sangue de nosso Senhor para ser comido
e bebido, sob o pão e o vinho, por nós, cristãos, como Cristo mesmo o instituiu
na noite em que foi traído (Mt 26, Mc 14, Lc 22, 1Co 11 – explicação de Lutero
no CM).
Como pode o ato físico de comer e beber
efetuar tão grandes coisas?
Não
é o ato em si que efetua alguma coisa, mas as palavras de Jesus (CM). Ele
assegurou que o seu corpo e sangue são dados e derramados em favor de nós para
a remissão de pecados. É a simples e clara palavra de Cristo que assegura a
presença real do seu corpo e do seu sangue na santa ceia. “Isto é…” – disse
Jesus (1Co 11).[3]A palavra de Cristo garante que recebemos o
seu corpo e o seu sangue em união sacramental sob a forma do pão e do vinho na
santa ceia para perdão, vida e salvação (CM, Confissão de Augsburgo (CA
doravante), X).
“Fazei isto em memória minha”
O
Espírito Santo trabalha por meio do evangelho e nos chama das trevas da
condenação para a maravilhosa luz de Cristo (1Co 12.3, 12-31) para fazermos
parte do Reino de Deus. Enquanto comunhão da igreja, a santa ceia aponta para a
obra de Cristo na cruz, pois é realizada todas as vezes em “memória de Cristo”,
atualizando o sacrifício de Cristo no Calvário pelos pecados de todos como o
final e completo sacrifício (Hb 8, 10). Como igreja de Cristo, recebemos o
convite do Senhor: “Toma e come, isto é o meu corpo; toma e bebe, isto é meu
sangue”. O sangue do Cordeiro de Deus, morto pelo pecador, concede paz aos que
fazem parte do Reino de Deus, refletindo que “tudo está consumado”.
Até
o fim dos tempos, celebraremos o sacramento como memorial do amargo sofrimento
e morte de Cristo e de todas as suas bênçãos, como conforto para o atribulado e
como laço de união do povo com Cristo e de uns com os outros (Fórmula de
Concórdia, Declaração Sólida, VI, 44). Essa comunhão só pode existir no comer e
beber sacramental do corpo e sangue como um presente do Espírito que nos mantém
na unidade do corpo de Cristo (1Co 6.15).
Isso
significa que a igreja não é um clube social, mas o corpo de Cristo que
compartilha vida, perdão e salvação pela Palavra e sacramentos. Por essa razão,
o impulso missionário da santa ceia reside no perdão que ansiamos compartilhar
com os descrentes para que sejam alcançados pela luz de Cristo e venham também
a comer e beber o corpo e sangue de Cristo. Receber
nos leva a compartilhar, pois, uma
vez libertos do terror do inferno e da condenação que merecemos, nossos
corações desejam “dar graças pelas bênçãos do sofrimento de Cristo” e a “render
sacrifícios de louvor” (Apologia, XXIV, 73-74). De forma maravilhosa, a igreja
de Cristo se manifesta visivelmente pela Palavra e sacramentos. Firmados na fé, recebemos e compartilhamos
perdão, vida e salvação.
“Até que ele venha”
Depois
da participação na santa ceia, a nossa ação de graças na liturgia reflete nosso
anseio pela segunda vinda de Cristo. O pastor e a congregação anunciam
responsivamente o texto de 1Coríntios 11.26: “Todas as vezes que comerdes deste
pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha!”.
Assim,
a santa ceia se volta para o passado, para a última ceia, e se dirige para o
futuro, para a festa do Cordeiro, quando Cristo, o noivo, e a igreja, a noiva,
serão unidos eternamente (Ap 19.9) (Sasse, 2003, p.293). A visão do mundo
vindouro é expressa no Sanctus: “Santo, santo, santo é aquele que vem em
nome do Senhor. Hosana, hosana, hosana nas alturas. Bendito, bendito, bendito
aquele que vem em nome do Senhor”. Desde tempos imemoriais, “uma grande nuvem
de testemunha testifica a verdade de que a Ceia do Senhor é ‘o céu na terra’”
(Sasse, 2003, p.294).
Você percebe o quanto a santa ceia se
relaciona com a vida contemporânea?
-Numa sociedade
em que ter o próprio quarto é o sonho dos adolescentes e construir uma
individualidade cintilante é o alvo de quase todos, a santa ceia aponta para
comunhão da igreja. Ela é distribuída para pecadores arrependidos, sejam eles
ricos ou pobres, social-democratas ou liberais. Ela é ação do Filho, que se esvazia
a si mesmo e assume a forma de servo, humilhando-se e sendo obediente até à
morte de cruz (Fp 2).
-A santa ceia
desafia a lógica humana ao ensinar que o infinito Deus, Jesus Cristo, se faz
corporalmente presente na ceia. Diante do mistério extraordinário da presença
real, humildemente confessamos: “Assim diz o Senhor”.
-A ansiedade
possui causas psicológicas e/ou clínicas, mas mesmo assim o ansioso percebe com
certa facilidade que a ansiedade de que padece revela o quão imperfeita é sua
existência. Terapias resolvem, graças a Deus, a parte psicológica e clínica.
Mas só encontramos alento espiritual no “grande consolo que o Sacramento
oferece às consciências ansiosas”, que nos ensina “a crer em Deus e a pedir e
esperar de Deus todo o bem” (Confissão de Augsburgo, XXIV, 7).
-A santa ceia
revela que, em Cristo, nossa existência é muito mais ampla do que esta vida
terrena. Por isso nenhum sofrimento, por maior que seja, se compara à glória
que já temos parcialmente e que teremos plenamente na vinda de Cristo (Rm 8.18,
Fp 3.20ss). É por essa razão que podemos, depois da ceia, cantar com Simeão:
“Senhor, agora despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra, pois os meus
olhos viram a tua salvação, a qual preparaste perante a face de todos os povos”
(Lc 2).
A santa
ceia também é poderoso consolo para enlutados
O
teólogo Timothy Wengert relata uma bonita história de seu ministério. Certa
vez, uma de suas confirmandas disse: “Pastor, você nos disse que nosso
genuflexório do altar tinha a forma de um semicírculo porque a outra metade
estava no céu, e Cristo está no centro, tanto aqui como lá". A menina
começou a chorar e continuou: “Desde que meu avô morreu em fevereiro passado,
eu lembro disso”. Wengert diz que, talvez, a famosa estátua do Cristo que
enfeita o altar em semicírculo da catedral luterana de Copenhague, nos lembre
de que a presença do Cristo vivo com o pão e o vinho une todos nós no céu e na
terra (Wengert, p.111). Nessa sagrada comunhão, em “todos os tempos e lugares”,[4]
somos unidos “com os anjos e arcanjos, com toda a companhia celeste”, com a
“santa congregação dos profetas, com o glorioso coro dos apóstolos, com o nobre
exército dos mártires”,[5]numa antecipação da glória que há de vir. Que
momento sublime! É um poderoso consolo aos enlutados apontar para a santa ceia
como a comunhão e o momento mais próximos que podemos chegar daqueles que já
estão “com Cristo, o que é incomparavelmente melhor”. Melhor do que invocar os
mortos por meio de “médiuns” é a comunhão eucarística que une cristãos de todos
os tempos e lugares.
É ou não é um privilégio maravilhoso receber e
compartilhar vida, perdão e salvação?
Quem deve ir?
Mesmo que o “ser membro de uma denominação”
não é um limite automático para a admissão à santa ceia, é necessário
reconhecer que o sacramento do altar presume e requer unidade (At 2.42), que é
quebrada quando, em circunstâncias ordinárias, confissões de fé diferentes são
representadas entre os que comungam juntos (Bierman, 2002. CTCR-LCMS, 1999,
p.51).
Na teologia luterana, o pastor é o
“despenseiro” que “atende por todo o rebanho” (1Co 4.1, At 20.28). De acordo
com as Confissões Luteranas, o ofício das chaves ou do bispo [pastor] é o poder
e a ordem de Deus de pregar o evangelho, remitir e reter pecados e administrar
e distribuir sacramentos (CA, XXVIII, 56.5-6). Nesse sentido, quando um pastor
luterano não admite alguém à ceia, ele não o faz movido de orgulho
denominacional ou por intolerância, mas por amor, a fim de que “ninguém tome
juízo para si” por “não discernir o corpo” (1Co 11).[6]
O professor Joel Bierman (2002, p.59) diz que o enfraquecimento do valor que
temos dado ao ministério pastoral fundamenta a prática de se delegar
inteiramente ao indivíduo a participação ou não na santa ceia. No entanto,
existe muita coisa que não é de responsabilidade do pastor, como administração
paroquial, organização de eventos, conserto da calha da igreja, mas a
administração dos sacramentos é sua responsabilidade (CA, XXVIII, p.30.1).
Acredito que deveríamos pensar em resgatar práticas antigas como a inscrição
para a santa ceia. O pastor, em seu plano de visitação, poderia acompanhar e
instruir os comungantes. Assim, a questão da participação na santa ceia estaria
mais intimamente ligada ao aspecto pastoral do que ao aspecto denominacional.
De forma prática, seriam convidados a participar aqueles que foram inscritos.
Sabemos que tal acompanhamento demanda tempo por parte do pastor, mas as
facilidades que a internet, o telefone e os aplicativos de smartphone tornam
esse procedimento perfeitamente factível. Além da inscrição para a santa ceia,
uma prática que necessita de resgate é a confissão e absolvição privadas,
previstas nas Confissões Luteranas (CM e Artigo de Esmalcalde, VIII), que
poderiam ser momentos ímpares para instruir e consolar as pessoas com o perdão,
vida e salvação que recebemos pela Palavra e sacramentos.
A ceia do Senhor é celebrada em nossas
igrejas na alegre confiança de que nosso Senhor, como ele mesmo diz, dá não só
o pão e o vinho, mas seu próprio corpo e sangue para ser comido e bebido para o
perdão dos pecados. Em alegre obediência ao claro ensinamento de nosso Senhor
Jesus Cristo, aqueles que são convidados à sua mesa confiam em suas palavras,
arrependem-se de todo o pecado e deixam de lado qualquer recusa em perdoar e
amar como ele nos perdoa e nos ama. Os convidados também testemunham de sua
morte até que ele venha. Sendo a santa ceia uma confissão da fé cristã que é
declarada em nossos altares, qualquer um que ainda não tenha sido instruído, ou
que está em dúvida, ou que tenha uma confissão diferente da confissão de fé
luterana e, por isso, não possa receber o sacramento, é convidado a meditar na
Palavra de Deus e nos hinos cantados durante a distribuição, e a orar pelo dia
em que as divisões na fé cristã cessarão.
Acredito que a postura interdenominacional
mais saudável é aquela em que celebramos a unidade do corpo de Cristo, da Una
Sancta, mas sem deixar de se entristecer pelas diferenças doutrinárias. O
ecumenismo real é aquele que providencia um diálogo franco e direto, com
profundidade e respeito, que reconhece os diversos pontos em comum, sem ignorar
as graves divisões. Por isso o caráter ecumênico da santa ceia é o anseio do cristão
pela unidade confessional. Nós oramos por ela, mesmo reconhecendo que talvez
ela venha a ser plena somente na volta de Cristo. Mesmo assim, apesar de não
podermos comungar juntos, devemos dialogar com “graça e verdade” sempre, pois é
vontade de Cristo que busquemos a unidade orgânica e confessional do corpo de
Cristo.
ComVida-21
O ano de 2020 apresentou inúmeros desafios. O
avanço da Covid-19 e o isolamento social que observamos, nos faz valorizar
ainda mais a liberdade que a igreja recebe de Deus no Brasil, para, firmados em
Cristo, recebermos e compartilharmos perdão, vida e salvação. Até que Cristo
venha. Que o lema de 2021 seja uma espécie de ComVida-21, contagiando nosso
país com perdão, vida e salvação.
Fica conosco, Senhor Jesus (Lc 24). Maranata,
Senhor Jesus (Ap 22)!
Baixe o material completo sobre a temática 2021 aqui.
Mário Rafael Yudi Fukue
Pastor Capelão da Ulbra
Canoas, RS
[1]“Todos
continuavam firmes” por meio da relação íntima que Deus Espírito Santo estabelecia
com os seguidores de Jesus, que permaneciam juntos por um laço de fé, não por
motivos sociais como etnia ou condição financeira. É essa relação íntima com
Deus que impulsionava a nascente comunidade cristã no desafio de “ser
testemunhas de Cristo até os confins da terra” (At 1.8).
[2] A
presença do artigo definido pode indicar um tipo específico de “partir o pão”.
Por exemplo, quando a terminologia de Lucas em Atos 20.11 é cuidadosamente
examinada, parece que “Paulo tem duas refeições separadas com os discípulos: a
Ceia do Senhor primeiro (partiu o pão), seguida de uma refeição (“e comeu”). A
primeira expressão (“partiu o pão”) possui o artigo definido antes de “pão” e
parece denotar a celebração da Ceia do Senhor” (Lyons, Jamieson, 1997; cf. Robertson,
1997; Woods, 1976, p.67-70; Wycliffe, 1985). O teólogo Leopoldo Sánchez parece inferir santa ceia
do termo “partir o pão” no texto que segue: “From Pentecost onwards, it is the
gift of the Spirit given in Baptism that will make of repentant sinners a
community that gathers around the apostolic teaching of the Word and the
breaking of the bread (Ac 2:41-42).”
O prof. Vilson Scholz menciona uma
interessante tese de Oscar Cullmann em “Early Christian Worship”, que fala
sobre um possível motivo que teria levado os cristãos a ter uma refeição como
culto: Jesus se manifestou no partir do pão. Houve momentos em que comeu na
presença deles. Assim, a presença continuada de Jesus se deu no partir do pão
da refeição.
Precisamos reconhecer que
alguns autores dizem que “partir o pão”, nesse versículo, não se refere à santa
ceia. Seria apenas uma sinédoque (a parte representa o todo) para “refeições” (Page,
Thomas E. The acts of the Apostles. Macmillian, 1897, p.96).
[3]
Hermann Sasse escreve que não foi por teimosia que Lutero insistiu em reter o
sentido literal das palavras “Isto é o meu corpo”, mas profunda reverência por
Cristo que disse essas palavras e não fornece nenhum outro mandamento ou
explicação (SASSE, 2003). Martin Chemnitz na obra “A Ceia do Senhor” expressa a
confissão luterana na verba de Cristo
(Chemnitz, M. A Ceia do Senhor. 2019. Tradução de Nathan Buzatto da
Silva).
[5]Te Deum Laudamus, um belíssimo cântico
que pode ser encontrado na ordem das Matinas.
[6] Mais detalhes
sobre isso podem ser encontrados no livro Isto é o meu Corpo, de Hermann
Sasse, e na obra A Ceia do Senhor, de Martin Chemnitz (p.235ss).
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