Segunda chance


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10/09/2020 #Reflexão #Editora Concórdia

Quantas chances já recebemos para continuar vivendo?

Segunda chance

Quase todos têm uma experiência marcante na vida em que pode afirmar, com voz embargada, “Neste dia eu nasci outra vez”. Quem sabe, neste ano da pandemia, quando a morte ronda o caminho de todos de um jeito tão impactante, depois que tudo passar, vamos dizer: “Recebemos uma segunda chance”. É o que estamos assistindo nos relatos de centenas de pessoas que, depois de permanecer entre a vida e a morte, saíram da UTI e sobreviveram diante do vírus que já matou milhares de pessoas. Uma dessas histórias foi capa do Jornal ABC, que circula no Vale do Rio dos Sinos, RS: “Deus me deu uma segunda oportunidade de viver. Você não sai de uma experiência de quase-morte igual como entrou”. O drama do médico Alexandre Ricciardi, que trabalha na emergência hospitalar de Novo Hamburgo, RS, aponta para uma verdade: quem escapa da morte dá mais importância à vida – à sua e à dos outros. Histórias assim, no entanto, carregam um detalhe: é preciso reconhecer a “ressurreição” e acreditar na fonte da nova oportunidade.

 

Diariamente recebemos chances e nem nos damos conta. Por exemplo, a maioria de nós nem sabe o que seria viver sem o pulmão. Outros até colocam fumaça dentro dele pelo irresistível prazer da nicotina. Mas se alguém enfrentar situação parecida com a desse médico, certamente dará mais valor ao que carrega no peito, mais que qualquer fortuna no mundo. Interessante o pulmão artificial que salvou a vida do médico, infectado pelo covid-19. É um mecanismo complexo que faz o sangue do paciente circular fora do corpo, que depois de oxigenado por uma membrana, volta para a pessoa, livre do gás carbônico. Assim, a tecnologia humana é a salvação. Mas daí o detalhe testemunhado pelo médico: “Deus me deu uma segunda oportunidade de viver”.

 

O apóstolo Paulo, que também teve uma experiência de quase-morte (Atos 14.19), mais tarde confessou que “Nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17.28), tudo para lembrar nossa total dependência daquele que é o pulmão da vida. O rei Davi, que também escapou da morte (1Sm 19), valorizou ainda mais a vida e reconheceu as maravilhas do corpo humano, tanto que louvou a Deus num belo artigo de fé: “Tu criaste cada parte do me corpo, tu me formaste na barriga da minha mãe” (Sl 139.13). São histórias de pessoas sem o conhecimento de hoje, mas com a sabedoria que a ciência humana não alcança. E por isso, se nas páginas da Bíblia ou em nossa vivência atual não faltam exemplos de novas oportunidades para continuar vivendo, resta perguntar: oportunidade para quais objetivos na vida?

 

A resposta a essa pergunta depende de outra questão: “O que é vida”? Bem sabemos que a vida é muito mais que um corpo respirando com pulmão natural ou artificial. Quem ajuda nessa compreensão é o episódio dramático enfrentado por Lázaro, que também recebeu outra chance, e diretamente das mãos do médico dos médicos. Antes de ressuscitá-lo, Jesus diz para a angustiada irmã dele: “Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. E quem vive e crê em mim, nunca morrerá” (Jo 11.25,26). Por essa afirmação, e por tudo aquilo que recebemos a partir do túmulo vazio do Salvador ressuscitado, sabemos que a vida completa é o sopro divino, restabelecido no corpo e na alma daqueles que receberam a segunda chance através da fé cristã.

 

E assim, cada minuto é uma chance para respirar a vida, um presente do céu que tem o valor da própria vida do Filho de Deus. Histórias não faltam para inspirar. 

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Marcos Schmidt

Pastor da IELB marcos.ielb@gmail.com

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