O magistério de Jesus e o magistério dos escribas


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10/08/2020 #Opinião #Editora Concórdia

Acima de tudo, exerça as suas funções com a autoridade que você recebeu de Jesus e com amor pelas pessoas que lhe são confiadas

O magistério de Jesus e o magistério dos escribas

Os evangelhos relatam que Jesus ensinava com autoridade. No final do Sermão do Monte é registrado: “Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas com a sua doutrina. Porque ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como os escribas” (Mt 7.28,29). A reação do povo na sinagoga de Cafarnaum não foi diferente ao ouvir a pregação de Jesus e ao vê-lo expulsar um demônio: “E maravilhavam-se com a sua doutrina, porque a sua palavra era com autoridade... Todos ficaram admirados e comentavam entre si: Que palavra é esta? Pois, com autoridade e poder, ele ordena aos espíritos imundos, e eles saem” (Lc 4.32,36).

Qual a diferença entre o ensinamento de Jesus e os ensinamentos dos escribas? Afinal, os escribas eram os professores da época. Estava ao seu encargo ensinar a Lei de Deus ao povo e de explicar as leituras bíblicas nas sinagogas. Por que esta comparação, que acabou gerando ciúmes e ódio por parte dos escribas e outros grupos religiosos?

Jesus tinha uma autoridade que vinha do Pai. Ele disse aos seus discípulos: “As palavras que eu digo a vocês não as digo por mim mesmo, mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras” (Jo 14.10).

Os escribas normalmente apenas repetiam o que liam na Lei de Deus e interpretavam a seu modo. Nem sempre falavam com convicção, mas só se preocupavam em transmitir conhecimento e a tradição.

Era notória a diferença entre a forma e conteúdo das mensagens dos escribas e da mensagem de Jesus. Jesus foi reconhecido como um Rabi, que quer dizer Mestre (Jo 1.38) no mais alto escalão do magistério. Ele próprio reafirma a sua posição como Mestre ao dizer, na noite em que foi traído: “Vocês me chamam de Mestre e de Senhor e fazem bem, porque eu o sou” (Jo 13.13).

E pouco antes de voltar aos céus, ele diz: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Portanto, vão... ensinando-os a guardar todas as coisas que tenho ordenado a vocês” (Mt 28.18-20). O Mestre dos mestres delega à sua igreja a função de ensinar. Nós falamos em lugar do Mestre, somos o seu porta-voz, conforme sua promessa: “Quem ouve a vocês ouve a mim... eis que eu dei a vocês autoridade...” (Lc 10.16,19).  E ele prometeu: “E vocês receberão poder, ao descer sobre vocês o Espírito Santo, e serão minhas testemunhas” (At 1.8).

Essa autoridade de Jesus se refere não apenas aos “pastores e mestres” (Ef 4.11), mas podemos estendê-la a todos os que exercem o magistério cristão em todos os níveis, a começar pelos pais, em casa, quando educam os filhos, continuando pelos professores de Jardim de Infância, e passando por todas as classes e níveis de professores até os doutores mais graduados.

Espero que as pessoas possam notar em nós pelo menos um pouco desta autoridade delegada por Jesus aos seus cristãos, e que não sejamos como os escribas do tempo de Jesus, meros repetidores de verdades e tradições, mas sem convicção. Vejamos alguns casos em que esta autoridade de Jesus deveria ser notada:

NO LAR

Pais devem estar cientes do seu papel de educadores, e não de meros procriadores. Não deleguem a educação de seus filhos apenas às escolas de educação infantil e posteriormente aos outros níveis, ou a educação religiosa apenas à Escola Dominical. Sejam educadores com autoridade e convicção no estilo de Jesus. Não se deixem dominar pelos filhos, nem pelas influências de uma educação permissiva sem temor a Deus. Eduquem os filhos no temor e no amor do Senhor.

 

NA ESCOLA, EM TODOS OS NÍVEIS

Professores precisam seguir o currículo adotado pelas escolas. Professores cristãos podem fazer a diferença. Sem infringir as regras, coloque seu próprio tempero e dê seu testemunho cristão de amor. Ao ser obrigado a ensinar a Teoria da Evolução conforme os livros, diga que também existe a versão bíblica do Criacionismo, e que a “teoria da evolução” continua sendo uma teoria que não foi provada, pois ainda estão em busca do elo perdido. Tenha a coragem de ser autêntico e confesse sua fé com autoridade, estando pronto a sofrer as consequências. – O mesmo princípio se aplica a outros temas controversos. Tenha a coragem e a autoridade de confessar a sua fé.

 

NA IGREJA

Ao professor de Escola Dominical: Não seja um mero repetidor de algumas histórias ou doutrinas, entretendo as crianças com atividades enquanto os pais estão no culto. Prepare-se bem, veja como pode extrair da história os pontos centrais de lei e de evangelho. Assegure aos que lhe são confiados a certeza do amor de Deus que você também tem. – Ao pastor: Não prepare o seu sermão como um documento acadêmico ou uma dissertação. Proclame com convicção a verdade divina: a lei que condena, o evangelho que absolve e dá vida. Não celebre o culto rezando uma ladainha chorosa, mas dê ênfase às diversas partes da liturgia com autoridade e eloquência. Cante os hinos com vigor e convicção.

 

Acima de tudo, exerça as suas funções com a autoridade que você recebeu de Jesus e com amor pelas pessoas que lhe são confiadas. As pessoas vão notar diferença no seu estilo de magistério e do magistério dos demais. Talvez elogiem e reconheçam hoje, e critiquem amanhã – como aconteceu com Jesus. Mas não deixe de testemunhar. Saiba que por trás e acima do seu magistério está o magistério de Jesus, que tem todo o poder nos céus e na terra (Fp 2.9-11) e que quer salvar as pessoas através do nosso testemunho e ensino com autoridade. 

Carlos Walter Winterle

Santa Cruz do Sul, RS cwwinterle@gmail.com

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