O
que vai acontecer amanhã, ninguém sabe. Só que nos últimos dias, as incertezas se
referem à hora seguinte. Por exemplo, este artigo está sendo escrito quando as
bolsas de valores despencaram, empresas brasileiras perderam 1 trilhão de reais
nas bolsas em duas semanas, o dólar subiu e no Brasil já têm 200 pessoas
infectadas pelo coronavírus. Estas e outras notícias alarmantes estarão ultrapassadas
daqui a pouco, a tal ponto da dificuldade em tratar um assunto “em foco” neste
mundo volátil. Aliás, esta é a palavra no mundo dos negócios, a “volatilidade”
do mercado, e que Salomão dava outro nome: tudo é ilusão, é como correr atrás
do vento. Diante disso, caro leitor, como estão as coisas agora?
Essas
incertezas estão trazendo pânico. Tanto que algumas pessoas estão buscando um
remédio amargo para acabar com o sofrimento. Foi o que fez um homem que se
atirou de um edifício ao lado da minha igreja quando o mundo decretava
pandemia. Esse meu vizinho agora faz parte de uma triste estatística: 800 mil pessoas no mundo cometem suicídio a
cada ano, muito mais que as vítimas do covid-19.
Mas
a humanidade está se lixando para a morte das vítimas deste vírus ou para aqueles
que cometem suicídio, morrem de fome e de tantas coisas que poderiam ser
evitadas. O mundo só está preocupado com a vida do seu dinheiro. Ao tratar
sobre economia e coronavírus, um jornal dizia que uma simples gripe se
transformou num terremoto de magnitude imprevisível e caminha para arruinar
as frágeis sustentações da economia global. O diagnóstico refere-se às bolsas
de valores, onde investidores compram e vendem ações. Esse tipo de economia tem
sustentação frágil porque depende das notícias e da confiança dos que aplicam
seu dinheiro. Ou seja, de uma hora para outra, todo mundo quer vender e ninguém
quer comprar, e o resultado é a desvalorização. Interessante, o valor do
dinheiro depende da confiança do investidor no dinheiro. Que desgraça!
Jesus
já tinha dito que nada adianta alguém ganhar as riquezas do mundo inteiro se
perder a sua alma, e que nenhum dinheiro pode pagar para ter esta vida
verdadeira de volta. Esse é o valor que Deus coloca na conta de cada pessoa, e
que todas as riquezas somadas não conseguem pagar. Sabemos do preço que Deus
precisou pagar para ter de volta a sua criatura humana. Mas quando há descrédito
para o que realmente tem valor, surge este vírus que tem o nome de coroa – “corona”,
em espanhol. Se cremos que tudo tem um propósito divino, então quando a
humanidade entroniza o deus dinheiro, o Criador coloca uma coroa na cabeça de
um vírus com o seguinte recado: Meu Filho
foi coroado com espinhos para curá-los do pecado, mas vocês preferem adorar as
coisas que eu criei. Agora eu coloco uma coroa neste vírus para que reflitam
nos seus valores.
Por
isso, então, a quarentena, tempo não só para evitar a contaminação do vírus,
mas para refletir. A igreja já tem a Quaresma, período para impedir o contágio
da agitação e preparar-se com mais intensidade para os reais e benéficos
festejos da Páscoa. Só que agora a folia continua o ano inteiro, e invade a
própria vida da igreja. Surge, assim, esta quarentena no mundo, gente presa
dentro de casa, lugares públicos fechados, empresas em recesso, transporte público
limitado – enfim, muita gente sem poder ir e vir – é a quaresma imposta por
esta “corona” do vírus, para a humanidade saber que “tudo neste mundo tem o seu
tempo [...] tempo para abraçar e tempo para deixar de abraçar” (Ec 3.5). E
agora, tempo de sobra para refletir que “sem Deus, como teríamos o que comer?”
(Ec 2.25).
O
que vai acontecer amanhã, ninguém sabe. Mas Salomão também disse: “Não há nada de novo neste mundo [...] Tudo
já aconteceu antes, bem antes de nós nascermos” (Ec 1.9,10). Ainda bem que
tem uma boa novidade, e isso nos tranquiliza sobre o que vai acontecer.