Sobre o Mensageiro Luterano


      O Mensageiro Luterano é a revista oficial da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) desde 1917. A primeira edição foi lançada com a data de capa de 25 de dezembro de 1917, dia de Natal. O que é muito significativo. Afinal, nesse dia lembramos a vinda do MENSAGEIRO DA PAZ, enviado por Deus ao mundo, para trazer às mentes e corações de todos os pecadores: a única mensagem que traz perdão, paz, alegria, salvação e Vida Eterna – JESUS CRISTO! Nessa breve linha do tempo, destacamos apenas alguns aspectos dessa longa e rica história do nosso centenário Mensageiro Luterano.

   1ª revista da IELB 

      A primeira revista publicada pela Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) foi o Evangelish-Lutherisch Kirchenblatt fuer Suedamerika (Kirchenblatt). Esse periódico começou a circular em 1903, um ano antes da fundação do Distrito Brasileiro do Sínodo de Missuri. A língua alemã desse periódico explica-se pelo fato de a missão desenvolver-se inicialmente entre imigrantes alemães e seus descendentes, que haviam se fixado no estado do Rio Grande do Sul. Os dirigentes da missão estavam conscientes, desde o início, da necessidade de também usarem a língua do país no trabalho da Igreja. Mas a língua alemã continuou sendo empregada com predomínio absoluto, até que um fato novo impôs uma mudança brusca e inesperada no ano de 1917.

   Primeira Guerra Mundial 

      A Primeira Guerra Mundial, já por três anos, promovia destruição, caos e a morte de milhões de seres humanos em boa parte do mundo. O governo brasileiro, embora simpatizando com os aliados, decidiu adotar uma política de neutralidade. A presença de grandes colônias de imigrantes alemães, principalmente no sul do país, no entanto, despertava temores e suspeitas da parte de muitos brasileiros. Durante o ano de 1917, vários navios brasileiros foram torpedeados por submarinos alemães. Em resposta, o governo brasileiro declarou guerra à Alemanha em outubro daquele ano.
      As colônias alemãs no Brasil logo sentiram os efeitos da nova situação. Um decreto de outubro de 1917 proibia o uso da língua alemã em publicações, correspondências, no ensi-no escolar e em cultos públicos. O trabalho da Igreja praticamente parou em muitos lugares. O Seminário Concórdia de Porto Alegre permaneceu fechado durante o ano letivo de 1918. A última edição do Kirchenblatt, no período da guerra, foi a de 31 de outubro de 1917. Ele só voltou a circular a partir de novembro de 1919.

Mensageiro Christão

      A direção da Igreja estava ciente da importância de manter a comunicação com os pastores e congregações, bem como de testemunhar a fé cristã e defender a Igreja de ataques externos naqueles tempos críticos. O Departamento de Missão nomeou, então, os pastores Louis C. Rehfeldt, Emil Mueller e Theophil Strieter como editores de um povo periódico em língua portuguesa. O primeiro número do então chamado Mensageiro Christão traz impressa, em sua capa, a data de 25 de dezembro de 1917.

      As primeiras edições do Mensageiro eram bilíngues. Além dos artigos em português, uma parte era redigida em inglês. Isso favorecia os pastores que, na sua maioria, haviam vindo dos Estados Unidos e, possivelmente, servia para demonstrar ao governo brasileiro que a missão não tinha vínculos com a Alemanha, mas, sim, com os Estados Unidos.

      No artigo de capa do primeiro número da revista, o presidente da Igreja conclamava, já no primeiro parágrafo, os pastores e professores a se dedicarem ao estudo da língua do país. O Mensageiro, então editado quinzenalmente, era enviado a todos os pastores e professores da Igreja no Brasil e na Argentina. Objetivava-se manter, assim, um elo entre esses obreiros, permitindo-lhes permanecer em contato com os assuntos da Igreja naqueles tempos críticos. Além disso, deveria informar "o que fazer em obediência a nosso Senhor e a nosso governo".

      A composição e a impressão da revista eram feitas numa pequena tipografia instalada no Seminário Concórdia de Porto Alegre. O tipógrafo, Luiz Kaminski, mais tarde ingressou no Seminário e formou-se pastor da Igreja. Num artigo publicado por ocasião dos vinte e cinco anos do Mensageiro, ele falou das dificuldades encontradas para compor a revista naqueles tempos. “Os tipos... achavam-se totalmente mesclados numa lata de querosene. Não havia réguas. Havia, quase sempre, quebra-cabeças antes de aprontar um número do jornalzinho.”

   Novo nome 

      A partir da edição do dia 15 de maio de 1918, o nome foi alterado para Mensageiro Lutherano. A explicação para essa mudança, apresentada naquele número, é esta: “Nossa humilde folha quer assistir na propagação do Evangelho de Christo conforme a prophecia de Luthero: ‘E vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um Evangelho eterno para anunciar aos habitantes da terra e a toda a nação, e tribu, e língua, e povo dizendo em alta voz: Temei a Deus e daí-lhe glória, porque é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar e as fontes das águas’’’. O texto de Apocalipse 14.6 passou a sustentar o título da revista a partir daquele número, até a edição de dezembro de 1950. Na mesma edição de 1918, também se anunciou, pela primeira vez, uma campanha para conseguir leitores “entre os membros nas comunidades.” Quantos? “Talvez podíamos procurar até cem ou ainda mais leitores.” O objetivo? “Seria um modo de pregar o evangelho e não devemos perder a ocasião de fazer isso.”

   Equipes de redatores e colaboradores 

      O número de julho de 1921 apresenta nova alteração. A revista passava a ser mensal em vez de quinzenal. Em compensação, o número de páginas passava de quatro para oito. O nome do pastor Rodolpho Hasse, que já aparecia como redator ao lado do pastor prof. Louis C. Rehfeldt desde o ano anterior, agora aparece como único redator responsável. Hasse continuou a exercer essa função até o ano de 1963. Permaneceu ainda, depois disso, como um dos redatores, até sua morte em 1968. Tanto ele como seus sucessores, ao lado de uma grande equipe de redatores auxiliares e colaboradores, deixaram a marca de seus estilos, convicções e personalidades na formatação e conteúdo do Mensageiro Luterano.

      Aqui destacamos apenas alguns dados da bela e grande história do nosso Mensageiro Luterano. Mas convido os leitores a olharem no próprio Mensageiro Luterano impresso e no PDF do Mensageiro online, os destaques por décadas, que publicamos de março a dezembro de 2017.
1917 – Com data de 25 de dezembro é lançado o primeiro número do então chama-do Mensageiro Christão. Era editado quinzenalmente por: Louis C. Rehfeldt, Emil F. Müller e Theophil W. Strieter. 
1918 – A partir da edição do dia 15 de maio de 1918, o nome foi alterado para Mensageiro Lutherano, como já mencionado. 
1935 – Em dezembro, o Mensageiro Lutherano é registrado sob o nº 249, livro M, nº 1, no Registro de Títulos e Documentos do Rio de Janeiro. 
1963 – O pastor Martim W. Flor assume como redator-chefe. 
1966 – O pastor Leopoldo Heimann assume como redator-chefe. 
1970 – Na edição de fevereiro/março, pela primeira vez aparece uma capa totalmente colorida. 
1972 – A partir da edição de janeiro, o número de páginas passa de 16 para 20. 
1973 – Na edição de janeiro, o ML passa para 28 páginas. Aparece o primeiro número do Mensageiro das Crianças
1981 – A partir da edição de março, o número de páginas passa a 36. A partir desse ano, inicia-se uma tendência de o miolo ser impresso em um papel mais barato (tipo jornal). 
1984 – O pastor Nilo L. Figur assume como diretor. Astomiro Romais passa a redator-chefe na edição de julho. 
1988 – O pastor Oscar Lehenbauer passa a figurar como diretor na edição de maio. 
1991 – O pastor Nilo L. Figur volta como diretor na edição de agosto. 
1993 – A partir da edição de janeiro, uma mudança radical. O ML passa a ter um cará-ter mais de jornal. Saem as cores, o tamanho é maior, o papel é tipo jornal e o número de páginas baixa de 36 para 24. 
1995 – O pastor Paulo P. Weirich assume como redator-chefe na edição de janeiro. A partir da edição de agosto, a função é assumida pelo pastor Dieter J. Jagnow. 
1996 – O Mensageiro das Crianças passa a ser um encarte de quatro páginas. O miolo baixa para 20 páginas. 
2006 – A partir da edição de julho, o ML passa a ser impresso totalmente colorido. 
2008 – Dieter Joel Jagnow, após quase 13 anos, deixa a função de redator-chefe, e Nilo Wachholz assume esta missão. 

   Elo e testemunha 

      Nas primeiras décadas do Mensageiro, nota-se uma grande ênfase na apresentação das doutrinas bíblicas ensinadas na Igreja e na sua defesa contra o erro. Já na década de 1970, percebe-se um esforço no sentido de fazer do Mensageiro “a revista da família luterana”. A revista dos jovens e das crianças deixaram de circular separadamente e foram incluídas no Mensageiro. No período seguinte, passou-se a dar mais atenção a questões sociais e políticas e abriu-se mais espaço para opiniões pessoais de leitores.
Ao longo dos anos, alterou-se a forma da apresentação, o estilo, a terminologia, o formato do Mensageiro. O conteúdo básico, no entanto, permaneceu: artigos doutrinários e de edificação cristã, notícias das congregações e missões e da Igreja no mundo.

      Nos últimos 10 anos, o ML deu continuidade à sua missão confessional como revista oficial da IELB, mas sempre procurou também interagir com os temas que fazem o dia a dia do nosso contexto social, dos nossos leitores e da nossa querida Igreja. Tem recebido muita participação espontânea de leitores sobre diferentes assuntos, o que fez com que o número de páginas do ML fosse ampliado. Primeiro, com um Encarte (solto) de 16 páginas com as notícias da vida de membros e atividades da Igreja no Brasil e mundo afora. Depois, em diversas edições, teve o acréscimo de mais páginas no miolo para atender melhor à grande demanda de informações, bem como, atender aos interesses de um público maior e mais diversificado.
Certamente, produzir a edição mensal do ML sempre foi e é um desafio muito grande. Afinal, além da necessária participação e do trabalho de muitas pessoas, há também a questão de prazo a ser considerada, tanto para a impressão na gráfica quanto ao Correio na distribuição. Cada um desses agentes tem o seu tempo próprio, e o leitor precisa receber a revista o mais cedo possível. E, nos anos mais recentes, com o advento das tecnologias digitais e as redes sociais, há mais fatores importantes a serem considerados, a necessária interação com o público leitor e a rapidez com que tudo acontece no mundo de hoje.

      Neste mundo de tantas mudanças em 100 anos, o Mensageiro Luterano vem servindo de elo entre os cristãos luteranos da IELB e de outras denominações cristãs. É difícil destacar toda sua importância neste aspecto, afinal, quantas revistas circulam há 100 anos sem interrupção? Ao mesmo tempo, o Mensageiro Luterano é, também, testemunha eloquente da história da IELB e do seu contexto social. Um rápido folhear dos diferentes números já pode ser muito revelador nesse sentido. Ele registra o avanço lento, porém contínuo, da IELB pelo país e além dele. Fornece evidências de progressos e recuos na área educacional e de ações sociais. Revela ênfases teológicas e práticas de diferentes fases do desenvolvimento da IELB. Acima de tudo isso, porém, destaca-se sua missão maior: ser um mensageiro das boas-novas da salvação em Jesus Cristo, o único caminho, verdade e vida para a Casa do Pai.

      Paulo Buss é pastor da IELB e professor do Seminário Concórdia e da Universidade Luterana do Brasil. Nilo Wachholz é pastor da IELB e jornalista, atual redator-chefe do ML

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